sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Dark

Uma lágrima que caiu. Um muro que ruiu. A pele húmida a brilhar, negra se tornou. O olhar escureceu. As crenças desvaneceram. O sentimento estagnou. 
O ser encerrou-se na exatidão de nada ser. Acreditar deixou de ser palavra, era um sonho. O que há depois? A certeza da saudade, da solidão, do nada. 
A sua vida era um quarto sem porta com uma fotografia caída no chão. Uma memória. Uma ideia. Um beijo tardio, antigo, sem cor, sem sabor, sem face. A tristeza era o céu e as lágrimas o seu chão. Não havia mais nada dentro das suas quatro paredes. Triste destino, triste ser. Condenada a uma solidão partilhada com a solidão de outro ser. Todo o seu ser era a saudade da companhia, a saudade do toque, do olhar, do riso, do silêncio comum. 
O tempo passa assim sobre o seu corpo consumido e deixa a marca outra vez, a cada dia que passa. Já nada faz sentido. Já nada tem o seu sentido. Já nada corre sobre o seu rio. O nada em tudo se fez e com o tudo que tem em nada se tornou.    


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