Olho para o meu país e não sei se tenho orgulho dele.
Do alto do leme da nossa nau fomos descendo até nos naufragarmos na cobiça pelo alheio e como uma herança, vamos passando ao próximo a âncora que nos prende ao fundo. Olha-te ao espelho Portugal e vê se te orgulhas das roupas rasgadas que envergas, da fome que te come o corpo, das lágrimas de quem não tem onde viver. Não temos cor, não temos sentimento, não temos abrigo. Vivemos sobre a nuvem do Fado que apenas nos canta o choro negro dos dias que aí vêm. E depois? O que nos traz o dia?
Olhem para o que nos tornamos Portugueses! Tomara que houvesse um espelho do tamanho da miséria que circunda e se prende aos nossos tornozelos impedindo-nos de avançar. Somos o que fizemos, continuaremos a fazer o que somos. Triste vida.
Olhasse-mos antes para nós próprios, em vez de tentar procurar nos outros aquilo que somos.
Inês L.