terça-feira, 29 de julho de 2014

Felicidade.

Está toda a gente tão feliz.
Cobriu-me a tristeza e o negro vê a luz por mim. Que tristeza, que solidão. Sinto o som da minha respiração a vibrar nas minhas vísceras. Sinto os movimentos que elas fazem dentro de mim. Sinto o bater do coração nas minhas lágrimas. Já não sei como sorrir. Sei mostrar a minha dentição, o melhor que posso, mas sorrir já não o faço. Desvaneci sobre mim própria, abracei o corpo enlameado da solidão, e ela a si me colou. Pensei que encontrava conforto nela, quando na verdade só encontrei tormento. Assim me vou degradando preciosamente sobre o meu regaço, enquanto a roupa molhada me esfria os ossos. Estou só, dentro do coração da solidão que me tem como sua querida e não me deixa sair. Deixa-me sair! Mas ela aperta-me mais. Ninguém me vem salvar dos seus braços, não vou saber como sair. Então choro. Choro ainda mais, mais forte, mais tóxico, mais radioativo, e assim me consumo no resto que me falta. E assim me vou pela corrente do meu sangue, pelo suspiro do meu peito, pelo bater da mão na porta. Não é desta que ela se abre, não será hoje.

Está toda a gente tão contente. E, exausta, acabo por dormir no seu regaço. 


Inês L.

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