Está toda a
gente tão feliz.
Cobriu-me a
tristeza e o negro vê a luz por mim. Que tristeza, que solidão. Sinto o som da
minha respiração a vibrar nas minhas vísceras. Sinto os movimentos que elas
fazem dentro de mim. Sinto o bater do coração nas minhas lágrimas. Já não sei
como sorrir. Sei mostrar a minha dentição, o melhor que posso, mas sorrir já
não o faço. Desvaneci sobre mim própria, abracei o corpo enlameado da solidão,
e ela a si me colou. Pensei que encontrava conforto nela, quando na verdade só
encontrei tormento. Assim me vou degradando preciosamente sobre o meu regaço,
enquanto a roupa molhada me esfria os ossos. Estou só, dentro do coração da
solidão que me tem como sua querida e não me deixa sair. Deixa-me sair! Mas ela
aperta-me mais. Ninguém me vem salvar dos seus braços, não vou saber como sair.
Então choro. Choro ainda mais, mais forte, mais tóxico, mais radioativo, e
assim me consumo no resto que me falta. E assim me vou pela corrente do meu
sangue, pelo suspiro do meu peito, pelo bater da mão na porta. Não é desta que
ela se abre, não será hoje.
Está toda a
gente tão contente. E, exausta, acabo por dormir no seu regaço.
Inês L.